quarta-feira, 26 de março de 2008

Como se fosse propaganda...

Hoje eu estou no meu astral. Estou feliz, é uma alegria que não sei explicar, mas é como se tivesse um nó na garganta de tanta felicidade, um grito querendo sair de qualquer jeito daqui de dentro, mas só tenho as estrelas no céu agora para me escutar. Daí eu olho para elas, lindas, brilhando lá em cima e a única coisa que me vem à cabeça é agradecer por esse momento tão único que estou vivendo agora.

Pela primeira vez ouço tranquilamente a versão que um amigo meu fez de “Your Silent Face”, versão essa incluída no tributo oficial do New Order em 2006. Ouço uma, duas, três vezes e é isso aí. A música é uma delícia. Ele mereceu mesmo o prêmio. Por incrível que pareça não conheço a versão original, pois sempre fui fã da banda, mas enfim, essa versão que o Fernando criou é uma delícia. Essa música, junto com minha felicidade, é como se eu estivesse numa propaganda de TV: de olhos fechados, um dia lindo de verão, como se eu estivesse voando. Só aparece o meu rosto. De olhos fechados, sobrevôo vários lugares, praias, montanhas, cachoeiras, sol, muito sol e um vento suave batendo em meu rosto. Um sorriso gostoso entre os dentes, vontade de dar gargalhada à toa, de respirar fundo, sentir o cheiro da maresia, das araucárias, palmeiras, eucaliptos; cheiro da mata, da floresta, da montanha, do leite que vem fresquinho da vaca, do cheiro de cavalos e da flor de coco que me faz lembrar minha infância.

Um abraço apertado comigo mesma, posso sentir os pássaros cantando, isso mesmo, sentir esses bichinhos cantando bem gostoso por todos os cantos do mundo, apreciar um golfinho nadando lá longe, uma magpie voando e um corvo gritando do alto de uma árvore. Posso sentir a preguiça de um Koala se espreguiçando no topo de um eucalipto, sentar na beira da praia, fechar os olhos e apenas ouvir o barulho das ondas que se formam um pouco mais à minha frente. Respirar fundo e sentir tudo isso, respirar fundo e inspirar felicidade, encher meus pulmões de alegria, enche-los cada vez mais de esperança e deixar a tristeza da saudade lá longe. Respirar fundo e inspirar serenidade, confiança e maturidade.
E assim me concentro e inspiro, a ponto de sentir o abraço apertado da minha mãe e do meu pai, aquele abraço gostoso, demorado, abraço que só os pais dão nos filhos... Aproveito então, para dar um beijo gostoso no rosto de cada um, só pra dizer como é bom dividir isso tudo com eles, à minha maneira.

Olho para o céu e não me canso de apreciar tudo isso, o sol, o céu azul, a lua nascendo, a constelação de Touro, de Escorpião... Ah, minha delícia, vem logo pra casa, pois não vejo a hora de te abraçar e contar em detalhes tudo o que me aconteceu essa tarde. Vem logo, estou morrendo de saudades! Morar tão longe da família é muito cruel, mas ainda bem que tenho uma pessoa aqui do meu lado e só essa pessoa, que você ama e admira, pode te escutar agora e dividir com a mesma intensidade essa felicidade toda. Enquanto ele não chega, fico por aqui imaginando coisas e curtindo o som do meu amigo Fernando (Tin God).

Agora você me pergunta o porquê de tudo isso. Ok, mas primeiro tente ouvir a versão dessa música, feche os olhos e tente sentir essa sensação louca... Depois a gente se fala.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Meus dezoito e poucos anos

Segunda-feira, um dia qualquer de janeiro.
Depois de um sonho, do qual não queria de jeito nenhum acordar, posso dizer que tive um dia bem pensativo. Passo agora por um momento de reflexão de minha vida, não porque me sinto deprê, mas porque encontro-me completamente sozinha do outro lado do mundo. E são nesses momentos que os fantasmas aparecem sem que você queira. Eles simplesmente aparecem.

Voltei aos meus vinte anos, quando ainda era apaixonada por um jovem da mesma idade e que me fez sofrer feito idiota. Aliás, nessa idade quando a gente se apaixona, a gente vira idiota, não tem jeito. Você não tem a inteligência de uma mulher de quase quarenta pra mandar o namoradinho praquele lugar quando ele insinua que você está tendo um caso com o melhor amigo dele que, na verdade, era um gato, mas fazer o que, você estava tão apaixonada por aquele moleque que nem o amigo-gato dele fazia você virar o rosto pro lado.

As lembranças vêm e vão, você se lembra daquele tempo quando você trabalhava sem preocupações de pagar contas, apenas a faculdade e suas baladas, que eram várias, porém, em apenas dois lugares: Rose Bombom e Nation. Vem aquela lembrança de quando você saía todas as quintas-feiras com o carro emprestado do pai se borrando toda, porque ainda não tinha carteira de motorista. Vem a lembrança dos meninos que você ficava, das maluquices que você fazia pra se livrar de um, porque tinha outro mais interessante na jogada, dos números errados de telefone, das danças sedutoras com os futuros-ex-desconhecidos. Daquele com cara de índio que te deixava nervosa, daquele gay que você era louca pra dar mais um beijo e daquela música, como era mesmo... “I just want to see your face”... Section 25! E “Penny Century”, meu deus, essa música era tudo! Todo mundo curtia e eu ainda gravei o disco do Cassandra Complex de um amigo meu, disco de vinil gravado em uma fita cassete. Penny, Penny Century, I love you, I love you...

Que época boa, que delícia de época. Depois veio o Hoellishc, lá na Praça Roosevelt, o orgasmo da descoberta do underground para mim. Numa das vezes em que fui, dei de cara com o Whayne do The Mission. Ou ele ainda era do Sister’s of Mercy? Quase tive um colapso, mas nada fiz, só me achei a mais poderosa de todas naquele momento. Ele olhou pra mim, deu um sorriso e continuou seu caminho. Meu coração disparou, como naquele dia em que neguei de pé junto que não tinha ficado com o Ivan quando um namoradinho lindo e maravilhoso de olhos claros ficou sabendo. Que cara de pau. Quem te contou? O cara era tão lindo que na hora, saquei que a garota queria mesmo era destruir o nosso relacionamento. Mas no final e claro, por causa dessa discussão, eu mesma destruí. O cara era muito narciso, não dava pra agüentar. Quantos anos eu tinha... Uns dezoito, dezenove.
Me achava o máximo por namorar um cara lindo como aquele, a mulherada morria de inveja e isso aumentava mais ainda o meu ego, mas enfim, mesmo com a pouca idade, percebi que beleza não significava nada além de um belo desfile. Eu mesma queria conversar e falar da vida, enquanto o bonitão só queria se olhar no espelho. Não deu certo.

Saudades daquela sedução inocente e sem malícias, simplesmente saindo do shopping com minha melhor amiga e mais dois brotos, supostos “futuros” até que, o “meu futuro”, me ofereceu um Halls e eu aceitei. O detalhe foi que ele me ofereceu na boca entre os dentes e eu, sem pensar nas conseqüências, peguei. Com a minha boca, claro. Na hora ele me pediu em namoro, eu aceitei, fiquei nas nuvens, imagina, um cara lindo como aquele me pedindo em namoro! Mas como disse, acabei destruindo o relacionamento no final devido ao super-ego-narcisista.

Hoje, quando ouço The Klinik, Joy Division e Split Second me dá uma nostalgia... Há um tempinho, o (esqueci o nome dele) tentou reabrir o Rose Bombom no seu mais alto estilo lá na galeria Ouro Fino e vou falar, foi maravilhoso. Pena que durou poucos meses. Me senti na mesma época quando o Rose ficava na Haddock com Oscar Freire, ainda mais porque reencontrei pessoas da época, inclusive um cara que eu era apaixonadíssima quando tinha meus quinze anos. Pois é, esse rosto, atualmente gordo e envelhecido, abalou muito meu coraçãozinho desde a adolescência nas matinês da Up & Down, depois nas noites do Área, Nation e Rose, antes de ser fechado em 89 ou 90. Ainda bem que deu pra comemorar meus 18 anos lá. Pena que o Rose, depois que mudou pro burburinho de Pinheiros, mudou completamente. Que saudades do clima underground de antes.

Mas que horror, quanta nostalgia! Desculpem, o que um sonho não faz com uma pessoa quando ela está sozinha. Pena que esses momentos não voltam mais... E se eles voltassem, eu faria tudo de novo. Faria um pouco mais até, só pra chegar naquele exato dia em que juntei todos os meus diários e coloquei no lixo por causa de um ciúmes doentio de um namorado... Se existe arrependimento de alguma coisa, esse foi e ainda é o maior de todos. Adoraria voltar o tempo e não ter tido essa estúpida atitude. Pelo menos agora eu estaria lendo um por um e dando risada de tudo o que vivi, sem ressentimentos. Que burra, não?

E você? Do que você se arrepende de ter feito quando tinha seus dezoito ou dezenove anos?

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Estranhas sensações...

Já faz uns dias que eu tenho sentido coisas diferentes, sensações estranhas que nuca tinha sentido antes, muito louco. Aos trinta e poucos anos venho percebendo que não tenho muita paciência para muitas coisas como, por exemplo, sair de uma festa para ir em outra. Lembro-me de quando tinha vinte e um anos. Além de não estar nem aí para os homens que ficava, trabalhava de manhã, saída do trabalho às 18h e ia direto pra faculdade. De lá, às vezes passava em casa, às vezes não, e lá ia eu para mais uma noite de baladas numa boate que eu amava: o Columbia. Tempos bons aqueles, quando dormia de três a quatro horas por noite e estava sempre linda e inteira no dia seguinte de trabalho. E sem tomar nenhuma droga. Hoje, quando dou uma esticadinha amanheço arrasada, mesmo tomando apenas uma taça de vinho.

A idade vem chegando e com ela a lei da gravidade que diminui, cada vez mais, a distância entre o bico do meu peito e meu umbigo. Bem que minha amiga disse que, aos quarenta, nada volta ao seu lugar, a não ser que você tenha cacife pra bancar umas plásticas. E mesmo assim, as coisas ainda tendem a cair. Vai ver por isso que da última vez que fui pra Grécia não tive coragem de fazer topless. Mas tudo bem, ainda não tenho quarenta, portanto, ainda dá temo de correr atrás dos cremes nacionais e importados para que me ajudem a segurar alguma coisa.

Mas a vida passa rápido – e como passa. Hoje, uma amiga me lembrou que sua filha já está com três anos. Imagina, três anos e nunca fui visitá-la. Essa cidade é cruel com a gente, nossa correria do dia a dia é muito cruel com todo mundo. Imagine que vou sair da zona Norte para visitar minha amiga na zona sul, pegar trânsito, correr o risco de ser assaltada na Giovanni Groncchi ou sei lá eu onde mais! Não, por favor, quero ficar em casa. Quanto mais velha a pessoa vai ficando, a “individua” fica com mais medo também.

Antes viajava todas as sextas de madrugada para ir pra praia. Hoje, pegar a Bandeirantes depois das seis da noite, nem pensar. Preciso estar acompanhada e olhe lá, tenho tanto medo dos outros motoristas... E de assalto. Quanto mais velho, mais o tempo passa e, consequentemente, mais insegurança temos nas ruas, pois existe mais gente passando fome e morando nas favelas que crescem cada vez mais nos arredores da cidade. Quanto mais o tempo passa, mais mata é destruída indiscriminadamente, mais dinheiro rola nos bolsos dos parlamentares, maior é a corrupção e maior a minha decepção com o que acontece na política do meu país.

Digo isso porque só agora sinto mesmo no bolso o quanto vai de dinheiro para imposto de renda e cpmf’s, ou melhor, só agora sinto mesmo o meu dinheiro indo parar na boca do ladrão (ou na cueca de um filho da puta?), ou até mesmo numa ponte que nem partiu, lembram daquela "tentativa" de ponte que não tem nem como subir e nem como descer dela? Tão chamando o povo de burro na cara dura. Pronto, toquei no assunto. Acho que tô ficando velha mesmo, porque política nunca foi meu assunto predileto e, se continuar, vamos acabar quebrando o maior pau. Adios muchachos, mas prefiro assistir Animal Planet e aprender mais um pouco como vivem os suricatos.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Enquanto isso...

Sexta-feira, sei lá que horas são exatamente, só me interessa minha taça de vinho tinto e a lingüiça de frango com batatas que meu marido colocou no forno alguns minutos atrás. E claro, esse jogo de rugby que está rolando na TV.
Primeiro, não sei na verdade quem está jogando, só sei que são dois times sul-australianos, o time de preto e o time azul e amarelo... E tem cada jogador... Aliás, já sei por que eu nunca assisti a um jogo de futebol no Brasil, os caras são muito feios, não dá vontade nenhuma de assistir a não ser, claro, quando rola Copa do Mundo, porque daí aparecem os ingleses, os italianos... Tudo de bom.

Ah, acabei de ver: St. Kilda X West Coast Eagles Bench, que é o time que está perdendo. Tá 21 a 6 pro adversário. Porra, propaganda de novo! Saquei... Quando rola um gol, até o povo voltar pro centro do campo, rola uma propaganda do patrocinador. Voltando ao jogo, ai, ai... O cara chutou e bateu a trave.
Mas que jogo é esse! Violento demais, não posso deixar meu filho jogar isso não. Os caras são sarados e usam óleos pelo corpo todo, isso só pros outros caras não conseguirem pega-los de jeito, porque é porrada atrás de porrada. Diria que é quase um jogo gay,talvez. Como jiu-jitsu,quer luta mais gay que essa? Dois homens ou duas mulheres se atracando pra imobilizar a outra no chão? Mas aqui é uma delicia, cinco homens correndo atrás de uma bola e se matando pra pegar essa bola – ou as bolas do adversário?
E o loirão chuta a bola pra ninguém, a galera vibra e não entendo o porquê. É muito homem em campo, não consegui contar ainda quantos jogadores rolam. Meu Deus, aqui pode tudo... Acabo de ver um reprise... Ai, ai, outra propaganda, ou seja, outro gol... Enfim, um reprise de uma falta feia, o adversário acaba de dar um empurrão no outro, pra quê? Pra pegar a bola. Ó lá, ó lá, ó lá! Um pega e um, dois, três quatro... E agora? O loirão número 12 é o mais bonito. 35 a 7 - os de preto continuam ganhando. Putz, quatro esperando a bola, que cai na mão de um, escorrega, quica na mão de um, na mão de outro, até que o outro cara sai correndo.
Na boa, não estou entendendo niente! Quer saber? Acabou o primeiro tempo. Vou comer a lingüiça do meu marido. Ops...

quarta-feira, 14 de março de 2007

O mundo animal em minha casa.

Tenho um pequeno cão que se chama Bob Brown. Uma pequena homenagem ao cantor de jazz ou blues, não me lembro no momento.
Nessa semana recebemos uma visita inesperada (por mim, que sou sua “mãe”), de uma cadelinha charmosa para tentar tirar sua virgindade. Quem armou tudo foi o meu pai, ou melhor, o avô dele. Já tivemos uma cadela que morreu virgem; acho que ele, meu pai, não queria o mesmo fim para Bob. E assim aconteceu, uma fêmea veio até minha casa com aquela cara que só um cocker tem, toda sem maldade para transar com o meu cachorro. O nome dela é Sacha.
De início já vi que Sacha era um pouco maior que Bob, mas não dei importância.
Bob ficou louco quando viu a pequena Sacha tranqüila, abanando aquele toquinho de rabo a toda hora pra quem se aproximasse dela. Ela era tão tranqüila que deixou Bob fazer de tudo com ela sem dar, sequer, uma rosnada. Lindo, pensei. Agora sim meu cachorro vira homem, mesmo que tardiamente, com seus seis anos de vida. Sacha tinha apenas um ano e já era a segunda vez que acasalaria com um macho.
Foram três dias de tentativas e Bob ficando cada vez mais louco. Um dia, cheguei até a pegá-lo em cima dela, mas percebi que havia algo de errado: ele não alcançava a "bonitinha" dela. Que droga, pensei de novo. Já me vi tendo que dar uma mãozinha. Quando tentei, sem sucesso, fazer alguma coisa, Sacha apenas se deitou no chão com as patinhas para cima e me vi tentada a ficar passando as mãos em sua barriguinha, uma forma carinhosa de retribuir aquela meiguice toda. Bob, no seu ímpeto e instinto animal, já correu e ficou, na minha frente, fazendo um rápido sexo oral na cadela. Vocês já viram isso? Eu vi e não pude fazer nada... Apenas parar de brincar com ela e sair de fininho.

O avô, numa tentativa quase que desesperada em ajudar seu neto, ligou para a veterinária que, infelizmente, confirmou o que eu já imaginava: vamos ter que ajudá-lo. E assim foi.

Após um dia de trabalho cansativo, chega meu macho, quer dizer, o meu namorado, que rapidamente é escalado para ajudar Bob. Posso dizer que foi um saco, porque tínhamos que deixar Sacha num local mais baixo que o Bob para, assim, conseguir cruzar com ela. E quem disse que o Bob vinha? Após algumas fracassadas tentativas, desistimos.
E em meio a tantos mijos e cocôs moles, quando acordei, Sacha já havia partido.

E assim foi, ou melhor, e assim não foi. Sacha foi embora e Bob continua virgem.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Sem limites

Já fiz de tudo na vida (ou quase tudo). Acampamentos selvagens, vários dias de caminhadas na Chapada, picadas de cobras, aventuras num barco minúsculo pelo Pantanal para ver jacarés. Sem contar com viagens lá fora. Escaladas em vulcões (adormecidos ou não), travessias em desertos, pulgões em Londres, sessões terapêuticas, Ioga na Índia, caminhadas para Machu Pichu e por aí vai.

Já vi de tudo também. Gente sendo assassinada na minha frente, gente morrendo de fome, gente pedindo esmola, gente rica jogando garrafinha pet pela janela do carro de oitenta mil reais. Gente morrendo de sede, criança cheirando cola (em plena luz do dia!), malucos fazendo ultrapassagens perigosíssimas, olha lá aquele idiota! Pra onde ele vai com tanta pressa? Será que pegou a mulher com o melhor amigo?

Já corri na praia pelada, já fiz nudismo onde não devia (e fui presa por isso); já dei gorjeta pro policial que me parou na estrada, já molhei a mão de fiscais, já tive vinte e oito cachorros. Vi cenas bizarras, já transei com garotos de programa, com namorados de amigas e até putas, só pra sentir o prazer que os homens têm em possuir uma mulher. Aliás, foi por causa de uma aventura dessas que acabei largando meu melhor amigo e amante, marido e namorado, meu homem apaixonado. Troquei uma vida de quase vinte e dois anos com esse homem, por uma mulher que transamos apenas uma vez. Uma mulher maravilhosa, com quem vivi até pouco tempo atrás.

Vivemos mil histórias. A família levou um choque ao saber que havia me apaixonado por outra. Imaginem, minha filha virou lésbica! Mas não teve jeito, tiveram que se acostumar com a idéia, pois só ela eu enxergava na frente. Andava de mãos dadas e a beijava sem vergonha pelas ruas dessa cidade preconceituosa. E aquele que foi meu companheiro por quase vinte e dois anos, continuou sendo meu amigo. Ficou meio ressabiado com minha atitude, mas percebeu que nossas aventuras estavam ficando um pouco mais do que absurdas, mesmo após a chegada do terceiro filho. Fomos até nosso limite, um prazer sem-limites que um dia culminou com o inesperado. Ou não.

Infelizmente, após catorze anos de relacionamento cheios de aventuras e sexo com limites (imaginem se ela se apaixonasse por outra?), minha amada mulher foi embora, vítima de um câncer nos seios. Quando descobrimos já estava em metástase. Um câncer tão agressivo que a levou em menos de três meses.

Apesar da tristeza em perdê-la, meu melhor amigo, amante e namorado nunca me abandonou. Hoje, aos 62 anos, comemoro feliz meu aniversário com aquele que nunca deixei de amar, mesmo com as indas-e-vindas dessa vida louca e desse meu lado gay.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Por telefone...

Mulheres quando falam ao telefone é engraçado. A gente fala de vários assuntos e acaba se confundindo um pouco em outros. Nesse dia, o assunto era o casamento da Silvia, irmã de um antigo caso. Aqueles casos que marcam qualquer mulher mais sensível. Aliás, qual o caso que não deixa marcas! E tanta coisa tem acontecido nesses últimos dias... A descoberta de que você é uma idiota, por exemplo. Mulher é uma coisa. O coração sempre fala mais alto. A gente sempre se entrega com tudo. A gente sempre se dá mal. E nada melhor do que uma boa conversa por telefone com uma boa amiga:
- Daí ela me falou: você tem que dar pro Marcos pra resolver tua vida. Só assim você vai conseguir realmente se relacionar pra valer com outro homem. Pode uma coisa dessas? Minha própria tia-avó falando isso? Aliás, até o melhor amigo dele já me disse certa vez.
- Mas eu sempre te disse isso também, você que é amadora. Aliás, finalmente achei um garoto de programa bonito na Internet.
- Não acredito.
- É sério. O cara tem cabelo até os ombros, uma coisa-cavanhaque, tudo de bom! (...) E o outro não pára de me ligar.
- Também, o coitado deve pegar cada baranga que, quando viu você, uma moça fina de boa família, bonita, o cara pirou, não? Você vai ao casamento?
- Vou, só que acho que só vou pra festa. Você sabe, detesto ir a casamentos. Tô precisando comprar uma roupa. E, por falar em compras, comprei um vibrador, mas olha só, eu tinha pedido um de vinte por cinco e me mandaram um de dezoito por quatro e meio. Fiquei meio triste quando soube que não era do tamanho que eu queria, mas vou te falar! Não consegui brincar com ele até hoje. É grande pra cassete, hahaha.
- Eu tô precisando fazer umas comprinhas também. Aonde será que tem uma loja legal pra comprar?
- Na Ponto G.
- Não, sua louca, tô falando da roupa pro casamento da Sil!
- Fofa desculpa, mas é que a gente tava falando de vibradoressss... Por que você não vai com a mesma roupa do casamento da Márcia?
- É, pode ser. Ninguém conhecido vai estar lá.
- Fora que ele é maravilhoso. Será que convido o gatinho pra ir junto?
- Quem?
- O cubano de cavanhaque.
- E de onde surgiu esse cubano?
(...)
- Ah, por favor, não vai aparecer com um garoto de programa no casamento!
- Ué, o que é que tem?
- Me poupe. Pagar pra alguém te comer, só em fantasia. Fora isso, é coisa pra mulher e homem que não consegue catar ninguém! Além do mais você pode convidar quem você quiser, sem ser um prostituto!
- Prostituto?
Hummm... Mentes que brilham. No momento só estou pensando em bobagens.